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Incra-MA recebe autorização para criar assentamento em parte da Fazenda Cipó Cortado

A Superintendência Regional do Incra no Maranhão recebeu a autorização necessária para iniciar a criação de um projeto de assentamento para atender 118 famílias que ocupam parte da Fazenda Cipó Cortado. A decisão foi tomada na última quinta-feira(5) pelo Ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, que resolveu desafetar para a regularização fundiária do Incra 2.778 hectares de terras públicas federais, da Fazenda Cipó Cortado, localizada na Gleba Boca da Mata Barreirão, no município de João Lisboa (MA).

O superintendente Regional do Incra-MA, José Inácio Rodrigues, explica que essa decisão vai resolver grande parte do conflito agrário emblemático existente nesse local. “Esse imóvel seria destinado para regularização fundiária realizada pelo Programa Terra Legal. Como os trabalhadores solicitaram ao Incra-MA a área para criar o assentamento, o Ministro decidiu pela desafetação de parte da área, que passa agora a ser destinada à reforma agrária”, disse.

Há quase dez anos trabalhadores rurais sem terra lutam pela criação do assentamento na área da Fazenda Cipó Cortado. As inúmeras ações na justiça impedem a resolução total do litígio.De acordo com o coordenador do Programa Terra Legal no Maranhão, Jowberth Alves, a área total da Fazenda Cipó Cortado é de 7.200 hectares. Para iniciar a criação do assentamento e solucionar o conflito foi necessário excluir os 2.778 hectares que não estavam sub judice.

“Na área que está sendo objeto de ação judicial, a decisão cabe à justiça. Como a outra parte não estava judicializada, então retiramos ela do processo de regularização e vamos passar para o Incra criar o assentamento e resolver o problema dos trabalhadores rurais”, disse Jowberth.

Resolução

A coordenadora Regional do MST, Gilvânia Ferreira da Silva, disse que essa decisão só resolve parte do problema. “Mesmo sem resolver todo o conflito, consideramos metade da nossa luta ganha, afinal essa área é justamente onde as famílias estão acampadas e os despejos serão evitados. Mas, continuaremos lutando pelo restante da área da Fazenda para assentar as outras famílias”, explicou.

José Inácio informa que com a autorização de criação do assentamento na região, o Incra-MA iniciará, em 23 de setembro, o cadastramento das famílias no Sistema de Informações de Programas da Reforma Agrária (Sipra). As famílias assentadas serão incluídas este ano no Programa Minha Casa, Minha Vida Rural. A previsão é de que todas as famílias cadastradas acessem os demais créditos oriundos da reforma agrária a partir de 2014.

Incra autoriza elaboração de relatórios antropológicos em comunidades quilombolas

O Superintendente do Incra no Maranhão, José Inácio Sodré Rodrigues assinou ordens de serviço autorizando o início dos trabalhos de elaboração de relatórios antropológicos em dez comunidades remanescentes de quilombos situadas em oito municípios. A assinatura das ordens de serviço para a contratação dos relatórios antropológicos é mais um etapa do processo licitatório lançado em todo o país para a contratação de empresas destinadas a fazer este trabalho. Dos 158 relatórios antropológicos que devem ser contratados através deste procedimento 34 são destinados ao Maranhão onde existe uma grande quantidade de comunidades quilombolas

Uma das empresas que irá realizar o trabalho é a Ecodimensão. Ano passado ela também assinou contrato para elaboração relatórios antropológicos nas comunidades de realização dos relatórios antropológicos nas comunidades de Oiteiro dos Nogueiras e Santana /São Patrício, em Itapecuru-Mirim; Juquiri/São Raimundo, em Santa Luzia em Santa Rita; e Retiro/São João da Mata, em Anajatuba.

Na última segunda feira (1º), a Ecodimensão assinou contrato para a realização dos relatórios antropológicos das comunidades quilombolas de São Pedro e Santarém no município de São Luís Gonzaga; Marmorana/Boa Hora no município de Alto Alegre, Piratininga no município de Bacabal; Santa Maria e Camaputiuia no município de Cajari, Gapó no município de Penalva; Tanque Valença no município de Matinha; Na terça-feira, dia 02 de abril a empresa Demacap assinou contrato para a elaboração de relatórios antropológicos nas comunidades de Miranda do Rosário e Passaindu/Reforma no município de Rosário e Jussatuba no município de São José de Ribamar.

José Inácio Rodrigues ressalta que um dos compromissos assumidos pela Superintendência Regional do Incra no Maranhão junto aos quilombolas foi implementar a elaboração dos relatórios antropológicos e isto está sendo providenciado. “Iniciamos o ano colocando esta questão como uma das prioridades, pois entendemos a situação das comunidades quilombolas e não estamos medindo esforços para atender as reivindicações destas comunidades”, ressaltou. Ele acrescenta que um total de 27 processos de elaboração de relatórios antropológicos em comunidades quilombolas já estão em andamento e o setor responsável por esta questão já recebeu três antropólogos, aprovados no último concurso do Incra. Isto deve reforçar a estrutura de pessoal do setor de Quilombolas aumentando a agilidade na tramitação dos processos relacionados a este assunto.

Cada relatório deve conter um amplo levantamento sobre os aspectos históricos, econômicos, socioculturais e ambientais das áreas de comunidades quilombolas e o prazo para entrega é de seis meses. Os relatórios antropológicos são documentos indispensáveis a elaboração do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), que integra o processo para a titulação de um território quilombola.

Publicado Relatório de Identificação e Delimitação do Quilombo Charco

As 137 famílias do quilombo Charco, no município São Vicente Ferrer-MA tem agora assegurada sua permanência nas terras onde viveram seus antepassados. O que deu essa garantia para esses descendentes de quilombo foi a elaboração e publicação do Relatório de Identificação e Delimitação (RTID) do quilombo Charco pela Superintendência Regional do Incra no Maranhão.

O RTID é um conjunto de documentos que aborda a história de formação e ocupação do território, considerando a ancestralidade, a tradição e a organização socioeconômica. Trata-se da fase mais complexa para a regularização fundiária de uma comunidade quilombola.

Concluído e aprovado pelo Conselho de Decisão Regional do Incra-MA, o RTID foi publicado na semana passada no Diário Oficial do Estado e nos dias 26 e 27 de setembro/2012 no Diário Oficial da União. Os estudos apresentados no Relatório concluíram que o quilombo Charco, onde vivem as Comunidades de Charco e Juçaral, atende os requisitos para a titulação coletiva de uma área de1.347 hectares, onde residem atualmente 137 famílias.

“A publicação do RTID é uma conquista dos quilombolas de Charco”, afirmou o Superintendente Regional do Incra-MA, José Inácio Rodrigues, que desde sua posse na Autarquia assumiu o compromisso de priorizar as reivindicações das Comunidades Quilombolas.

Próximos passos

De acordo com as normas para a regularização dos territórios quilombolas,as próximas etapas para a titulação do Quilombo são: Notificação dos ocupantes da área que não são quilombolas, os quais terão 90 dias para as contestações; Publicação pelo Incra de Portaria de Reconhecimento da Comunidade; Desapropriação dos imóveis que estiverem dentro da área do quilombo; Demarcação da área e em seguida a Expedição do título definitivo.

Conflitos

O superintendente do Incra comentou que a publicação do RTID de Charco foi um importante passo para a regularização fundiária daquela Comunidade e mais uma reivindicação que foi atendida. “Esse Relatório vem assegurar os direitos étnicos da comunidade frente ao conflito existente na área, que já provocou muita violência e morte”, afirmou José Inácio.

O clima de tensão no quilombo Charco tem sido constante com atentados contra membros e lideranças da Comunidade. Em 2010 houve o assassinato do líder Flaviano Neto, fato que provocou protestos e reivindicações por parte de entidades e movimentos ligados aos direitos dos quilombolas.

Em atendimento às reivindicações dos quilombolas e para dar fim aos litígios, o Incra agilizou os processos de regularização de vários quilombos contratando a execução de relatórios antropológicos através de pregão. A primeira etapa do pregão vai elaborar relatórios antropológicos de 14 comunidades, das 34 contempladas na licitação. Uma equipe do Incra-MA acompanha os trabalhos de campo em andamento.

As pesquisas antropológicas foram iniciadas nas comunidades Saco das Almas e Depósito (no município de Brejo), Santa Cruz (em Buriti), Barro Vermelho (em Chapadinha), Santana São Patrício (em Santa Rita/Itapecuru-Mirim) e Retiro/São João da Mata (em Anajatuba), cujos relatórios antropológicos estãoem andamento. O Incra-MAassumiu o compromisso de elaboração dos RTIDs das comunidades Cruzeiro, em Palmeirândia, Alto Bonito em Brejo, Jacareí dos Pretos, em Icatu e Bom Sucesso,em Mata Roma.

Para a chefe do setor de regularização dos quilombos do Incra-MA, Lidiane Amorim, o RTID de Charco é uma vitória da comunidade. “E é também resultado de uma comunhão de esforços no Incra, por meio da Superintendência Regional e da Diretoria de Ordenamento Fundiário do órgão em Brasília, que intermediou a execução dos trabalhos, com priorização de recursos financeiros e humanos para esta Ação”, afirmou.

Incra-MA aprova relatório antropológico da comunidade de Charco

                                                                                               O Comitê de Decisão Regional da Superintendência do Incra no Maranhão aprovou na semana passada o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação(RTID) referente à comunidade de remanescentes de quilombos, denominada Charco e situada na cidade de São Vicente de Ferrer.

Os estudos apresentados no relatório concluíram que as comunidades de Charco e Juçaral, atendem os requisitos para a titulação coletiva de uma área 1.347 hectares onde residem atualmente 137 famílias remanescentes de quilombos.

Na avaliação de José Inácio Rodrigues, Superintendente do Incra no Maranhão, a decisão tomada na semana passada representa a superação de uma etapa importante no processo de titulação desta comunidade. Agora a próxima etapa é a publicação da decisão no Diário Oficial da União e no Diário Oficial do Estado dando seguimento ao processo que deve atender todas as exigências delineadas na instrução normativa do Incra nº 587/2009.

Nesta área, o clima de tensão tem sido um rotina e houve em 2010 o assassinato do líder quilombola, Fláviano Neto que motivou diversos protestos dos moradores das comunidades articulados por entidades ligadas ao movimento de defesa dos quilombolas. Inácio Rodrigues lembra que além da comunidade de Charco, outras áreas remanescentes de quilombos estão com os processos de titulação em andamento e ressalta que a elaboração do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação é um passo fundamental para acelerar o andamento destes processos inclusive com a contratação através da modalidade de pregão de empresas destinadas a elaborar este tipo de serviço.

Ele frisa que o caso de Charco por conta do conflito instalado na área, onde além da morte de um líder quilombola, há relatos de ameaças a outras lideranças, ilustra bem a complexidade da questão no Estado, mas o Incra tem feito a parte que é cabível ao órgão e prova disto é aprovação do RTID referente á área, o que representa um avanço crucial no processo de titulação da mesma, aguardado com ansiedade pelos quilombolas.

STF adia decisão sobre Ação Direta Quilombola

Brasília – O julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3239, defendida pelo Partido Democratas (DEM), foi suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (18). A ação pede a inconstitucionalidade do Decreto nº 4.887, editado pelo governo Lula em 2003 para regulamentar o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos.

Apesar da decisão ainda estar em aberto, a sessão terminou com gosto amargo para as comunidades quilombolas e organizações defensoras dos direitos humanos. O relator da matéria e presidente do STF, Cezar Peluso, votou pela procedência da ADI 3239 e pela inconstitucionalidade do decreto. Seu voto, porém, mantém a validade dos títulos já emitidos.

Peluso adotou a argumentação base do DEM, sustentando que a prerrogativa de regulamentar o artigo 68 do Ato das Disposições Transitórias (ADCT) da Constituição de 1988 – como faz o decreto – pertence ao Legislativo e não ao Executivo. “Não pode o presidente da República baixar decreto que ofenda o princípio da reserva de lei”, disse.

O presidente do STF também repetiu a tese do DEM ao considerar inconstitucional “uma nova forma de desapropriação” supostamente estabelecida pelo decreto e o critério de autoatribuição para identificar os remanescentes dos quilombos e na caracterização das terras a serem reconhecidas a essas comunidades.

Após o voto proferido pelo relator, a ministra Rosa Weber pediu vista e foi atendida pelo plenário. O julgamento ainda não tem data para ser retomado, mas certamente acontecerá sob nova presidência. Nesta quinta-feira (19) Cezar Peluso passará o cargo para o ministro Carlos Ayres Britto.

Defesa da AGU

Contestando a argumentação do DEM de que um decreto não pode regulamentar a Constituição, o advogado geral da União, Luís Inácio Adams, disse que a medida do governo Lula foi tomada para dar cumprimento imediato ao mandamento constitucional expresso claramente no artigo 68 do ADCT. O artigo diz: “Aaos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”.

Adams também ressaltou que a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada pelo Brasil, estabelece a autoatribuição como um critério legítimo para a definição de áreas ocupadas por povos indígenas e tribais e destacou que tal processo de reconhecimento não é feito a esmo. “238 pedidos de regularização de áreas quilombolas já foram rejeitados pela Fundação Palmares”, disse.

Além da Advocacia Geral da União (AGU), também rejeitaram a ADI 3239 em plenário do Supremo os representantes da Procuradoria Geral da República (PGR), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Procuradoria do Estado do Paraná, da Confederação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara).

A defesa foi feita pelos advogados do DEM, da Sociedade Rural Brasileira e da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), além do ministro Peluso.