“tenho uma relação pessoal com a família do Genoino. Eu estive encarcerada com a mulher do Genoino no período da ditadura militar”
A presidente Dilma Rousseff disse estar preocupada com a saúde do deputado federal licenciado José Genoino (PT-SP), um dos presos no processo do mensalão. Em entrevista na manhã desta quarta-feira (20) às rádios Central e Rede do Bem, ambas de Campinas (SP), Dilma também afirmou que, enquanto estiver no cargo não comentará a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), mas fez considerações que chamou de “humanitárias” em relação às prisões.
“Eu me manifestei de fato com grande preocupação humanitária sobre a saúde do deputado federal Genoino, por dois motivos. Porque eu sei as condições da saúde dele, ele teve uma doença extremamente grave do coração e sei que toma anticoagulante. E ao mesmo tempo, é importante que eu diga que tenho uma relação pessoal com a família do Genoino. Eu estive encarcerada com a mulher do Genoino no período da ditadura militar”
Harmônia entre poderes
A presidente Dilma fez questão de ressaltar que não deve, publicamente, se manifestar sobre o resultado do julgamento ou sobre os presos do mensalão. “Isso não quer dizer que eu não tenho as minhas convicções, mas enquanto eu for presidenta não faço observação, críticas ou análises da Suprema Corte do meu país”, afirma. Dilma esteve em Campinas na terça-feira na abertura do congresso da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). A presidente fez o discurso de abertura do evento, mas deixou a cidade sem falar com a imprensa.
Exames médicos
Na tarde de terça-feira (19), José Genoino deixou o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, para se submeter a exames no Instituto Médico Legal (IML). Genoino foi o primeiro réu do processo do mensalão a se entregar à Polícia Federal na última sexta (15), logo após o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, ter expedido o mandado de prisão contra ele e outros 11 condenados da ação penal. No dia seguinte, o ex-dirigente do PT foi transferido ao lado de outros oito condenados para a capital federal.
No domingo (17), o advogado Luiz Fernando Pacheco, que comanda a defesa de Genoino, protocolou no STF um pedido para que a pena do ex-presidente do PT seja cumprida em regime domiciliar. O defensor alega que o cliente dele está com a saúde frágil e precisa de cuidados médicos constantes.
Em meio ao deslocamento de São Paulo para Brasília no avião da Polícia Federal no último sábado (16), Genoino teve um pico de pressão e passou mal. Na escala da aeronave em Belo Horizonte (MG) para apanhar outros sete réus do mensalão, o deputado petista teve de ser atendido por uma equipe médica. Apesar do susto, ele foi autorizado pelos médicos a retomar a viagem.
Segundo o blog do jornalista Gerson Camarotti, o presidente da Suprema Corte, ministro Joaquim Barbosa, está preocupado com o quadro clínico de Genoino. Barbosa, que é o relator do processo do mensalão, aguarda a conclusão do laudo oficial para decidir sobre o pedido da defesa do parlamentar do PT para que ele passe para a prisão domiciliar.
Antes de analisar a reinvindicação dos advogados de Genoino, Joaquim Barbosa pediu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestasse sobre o assunto. Nesta terça, a procuradora-geral da República em exercício, Ela Wiecko, solicitou que a Suprema Corte ordenasse que o deputado licenciado fosse submetido a uma junta médica para se constatar seu atual quadro clínico