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Reeleito, Obama diz que volta à Casa Branca mais determinado e inspirado

‘O melhor está por vir’, disse presidente em discurso em Chicago.
Democrata bateu Romney no colégio eleitoral e terá mais 4 anos no poder.

O presidente dos EUA, Barack Obama, reeleito após vencer o republicano Mitt Romney na eleição da véspera, disse nesta quarta-feira (7) que, para os Estados Unidos, “o melhor ainda está por vir” e que ele volta à Casa Branca “mais determinado e inspirado” para o segundo mandato.

Obama, que ganhou mais quatro anos para continuar implantando seu programa de mudanças, teve dificuldades para iniciar seu discurso. A plateia gritava para o presidente: “Mais quatro anos! Mais quatro anos”.

Veja cinco desafios de Obama em seu segundo mandato:

1. Uma economia ainda em dificuldade

Os EUA estão lentamente saindo de sua pior crise desde a Grande Depressão.

O desemprego caiu, mas permanece insistentemente alto, em 7,9%, e a criação de vagas continua lenta demais para absorver os milhões de americanos desempregados ou com subempregos. O crescimento econômico também permanece vagaroso – 2% no terceiro trimestre.

Um pequeno choque já poderia derrubar a economia novamente.

Entre os muitos problemas enfrentados pelos EUA estão a crise de dívida na Europa e seu impacto sobre o comércio global, as dificuldades que persistem no mercado imobiliário, incertezas sobre a política fiscal do governo no curto prazo e preocupações com a divisão política em Washington.

Apesar de tudo isso, os americanos tiveram algumas boas notícias nas últimas semanas -o emprego cresceu, ainda que de maneira modesta, há uma retomada do PIB, mesmo que lenta, sinais de que o mercado imobiliário está finalmente começando a se recuperar e uma alta na confiança do consumidor que sugere que os americanos podem finalmente estar prontos para abrir suas carteiras.

Se, como alguns analistas acreditam, há uma economia vibrante pela frente, Obama sem dúvida vai reivindicar o crédito pelo bom desempenho.

2. O abismo fiscal e, depois, o déficit no orçamento

A partir de 1º de janeiro haverá aumento de impostos e cortes nos gastos do governo que irão afetar praticamente todos os americanos e podem devastar a já fraca economia – a não ser que o Congresso tome alguma medida.

O chamado abismo fiscal não é um acidente de política ou finanças. Foi criado deliberadamente em um acordo feito em 2011 entre Obama e o Congresso como um incentivo para que concordassem com um plano para reduzir o déficit no orçamento no longo prazo.

A ideia era que os democratas e os republicanos agiriam para evitar cortes em defesa e programas sociais sensíveis para ambos os lados, assim como o fim de um corte temporário de impostos e de redução de impostos da época do governo de George W. Bush.

Esse acordo foi transformado em uma lei que deveria ser temporária, mas o Congresso tem demonstrado pouca inclinação em deixar que expire.

Economistas dizem que a combinação de cortes de gastos drásticos e aumento de impostos poderia jogar a frágil economia americana de volta à recessão.

Espera-se que um acordo que tire os EUA do abismo fiscal também aborde o déficit, que neste ano chegou US$ 1,1 trilhão.

Para isso, o presidente e o Congresso terão de lidar com programas sociais em rápida expansão, o orçamento de defesa de US$ 651 bilhões e a estrutura de imposto de renda.

3. Irã

O Irã está presente em diversos desafios da política americana: reduzir a presença dos EUA no Afeganistão, garantir a estabilidade do Iraque, promover a resolução do conflito entre Israel e os palestinos, lutar contra o terrorismo, garantir acesso livre a energia e impedir a proliferação nuclear.

Os EUA continuam determinados a evitar que o Irã fabrique armas nucleares. O Irã afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos, e seus líderes prometeram resistir às crescentes sanções internacionais que estão enfraquecendo sua economia.

‘Os EUA e o Irã estão essencialmente em um estado de guerra fria’, diz Karim Sadjapour, analista no Carnegie Endowment for International Peace, em Washington.

Sob o regime do supermo líder Aiatolá Ali Khamenei, o governo iraniano definiu seus interesses nacionais em oposição aos EUA, diz Sadjapour.

Outro fator que Obama tem de considerar é a ameaça de um ataque militar de Israel contra a infraestrutura nuclear do Irã – e a promessa iraniana de retaliar.

A chave para Obama será lidar com as ambições nucleares do Irã sem recorrer à força militar, diz Sadjapour.

Para o analista, uma ação militar no Irã poderia exacerbar todos os outros problemas que os EUA enfrentam no cenário internacional e iniciar uma guerra regional.

4. Custos do Medicare

O Medicare, o enorme programa de saúde do governo para americanos com mais de 65 anos ou deficientes, deve ficar sem dinheiro em breve.

Com quase meio século, o programa é considerado uma das conquistas dos democratas, mas sofre com pressões de dois lados: o crescente aumento dos custos de um sistema de saúde ineficaz e a iminente aposentadoria da geração do baby-boom.

O programa de seguro de internação do Medicare deve ficar sem dinheiro em 2024. O programa de consultas médicas e medicamentos com receita, vão crescer de 2% do PIB no ano passado para 3,4% do PIB em 2035.

Segundo Don Berwick, ex-administrador dos centros de serviços do programa, o desafio pela frente é muito mais complicado do que simplesmente mudar a estrutura de financiamento do Medicare. Segundo ele, o sistema de saúde inteiro precisa de mudanças.

5. Atuação com o Congresso

Obama se encontra mais uma vez rivalizando com um Congresso dividido que viveu em impasse nos últimos quatro anos, quase sem conseguir aprovar qualquer legislação mais polêmica.

A maioria dos analistas prevê que o Congresso continuará dividido, com os republicanos com o controle da Câmara dos Representantes e os democratas mantendo uma pequena margem de vantagem no Senado.

Pelo menos no curto prazo, nada sugere que os republicanos, que controlam a Câmara e têm número de votos suficiente no Senado para bloquear propostas, terão mais disposição de entrar em acordo com os democratas do que no primeiro mandato de Obama.

Dilma Rousseff
“Aproveito para parabenizar o presidente Barack Obama, reeleito ontem. Eu vou dar os parabéns a ele”, disse a presidente, durante abertura da 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, em Brasília.

Para Especialistas consultados pela agência France Presse acreditam que a vitória do presidente democrata pode levar a uma flexibilização com a ilha comunista e a uma política de combate às drogas menos focada na repressão, mas a região está ciente de que não é uma das prioridades de Washington.

Segundo Marco Aurélio Garcia, principal assessor sobre relações internacionais da presidente Dilma Rousseff, a América Latina só apareceu nas campanhas de Obama e de seu rival republicano, Mitt Romney,  “como um mercado para resolver os problemas econômicos dos Estados Unidos”, disse ao jornal Valor Econômico.

A partir de então, a região ganhou autonomia e criou seus próprios órgãos de coordenação política regional sem a presença de Washington, como a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

“Para o Brasil este esquecimento foi bom. O Brasil continua a avançar economicamente na região, politicamente está muito bem’ e as relações com o governo de Barack Obama são ‘excelentes’, considerou o ex-embaixador do Brasil em Washigton, Rubens Barbosa, ressaltando, contudo, que os Estados Unidos “não vão abrir o setor agrícola que nos interessa”.

“No caso brasileiro, a coisa mais importante é defender o fim do protecionismo. Queremos ter acesso ao mercado americano”, mas “os Estados Unidos têm outras prioridades”, afirmou Bruno Borges, especialista em Relações Internacionais da PUC-Rio.